Quantas vezes murmurei seu nome em solitário;
Muitas outras, escrevi no espelho suado;
Algumas, temi por nosso amor invejado;
Raras, foram às vezes que esquecemos o primário.
O passado passou, a vida seguiu, o rio não parou.
A lembrança não desvaneceu e o amor permaneceu;
A quietude chegou, mas o coração não conformou
Com o que o destino reservou. Nossa terra estremeceu.
Os fundamentos cederam: a torre desceu,
A porta se abriu, meu corpo saiu e vagou
Um vento pra cá, outro pra lá. O mar encapelou.
Um afogado, dois afogados, mas este não pereceu.
Hoje, canto pela vida que conheci
lado a lado e com nossas mãos dadas
os tesouros espirituais que mereci.
Exalo sua doçura. Flores não nascem do nada.
4 comentários:
Caríssimo Robertson:
Este poema é lindo! Principalmente este "achado" comovente e pra lá de bem escrito:
"Hoje, canto pela vida que conheci
lado a lado e com nossas mãos dadas
os tesouros espirituais que mereci.
Exalo sua doçura. As flores não nascem do nada. "
Maravilhoso!!!
Sávio
Amigo Robertson,
Temos gostos parecidos na música e na literatutra.
Seus poemas revelam sua sensibilidade e cumplicidade com as palvras.
Voltare.
Um abraço.
Esta última estrofe realmente emociona... Gostei muito dos teus poemas e dos blogs. Também gosto dos sons dos sinos...
Abraços
Sinos chamam o passado,
não o das lembranças,
chamam sim, os dejà vú,
são os que ficaram enroscados,
perpetuamente desconectados
ao longo do deserto do Mojave.
Eles não dobram para ninguém,
nem mesmo para horas, Hemingway.
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