quinta-feira, 25 de junho de 2015

Stella Open Bar
















A quietude da noite é rompida
pelos roncos dos motores cromados.
Velozes máquinas avançam pela nua estrada
com graves e compassadas explosões.

O cão  foge assustado
das negras Harleys raivosas;
eles invadem o velho Stella Open Bar 
com seus reluzentes coletes de couro.

Um soco atinge uma boca ou duas.
Cadeiras e garrafas voadoras espatifam-se pelo chão.
Ela, no canto, assiste ao show, entediada.
Vira desdenhosamente o rosto para o nada.

A fumaça do seu cigarro se expande
dissolvida na quietude da noite.
De novo, as Harleys aceleradas queimam os pneus.
Lânguida, ela sobe na garupa e parte.


O cão late, o neon  tremula o vermelho
que se apaga na noite já quieta.






domingo, 21 de junho de 2015

Fibonacci


 Em escadas de concreto

presunçosos e ressentidos


São tantos e tantos
esses presunçosos e ressentidos
Malditos sejam todos!
Nas intrigas e perfídias, oh insanos,
abrigam-se no lodo da malícia
e envoltos pela eterna sentença,
cumprem em Caim
o destino do escárnio e da inveja.

À solapa penetram seus venenos
nos ouvidos ingênuos
de Otelos seculares,
persuadidos por vis temores,
sucumbem aos conflitos da alma
e rendidos,
desferem o golpe mortal.

Diante do ardil dos fracos covardes,
que jamais herdarão
a pujança dos heróis
e as mãos de Desdemôna,
Fica a dor e o irreparável
a serem transmutados e arrebatados
ao Valhala.