domingo, 10 de maio de 2020











Auguste Rodin - O pensador


Momentos para pensaruma pequena reflexão sobre a tragédia que nos toma como reféns.

Quando pensamos em um inimigo invisível, sorrateiro, que nos toma silenciosamente e nos sufoca lentamente, até a agonia final, deparamo-nos com a fragilidade da vida humana sobre a Terra. Uma fragilidade que reverbera por todo o nosso corpo e demonstra o valor inócuo dos sentimentos de orgulho; de poder; de vaidade e soberba. Onde estão os arrogantes e poderosos? Com exceção de alguns líderes pueris que pensam com o umbigo, os demais sucumbiram diante da calamidade e fracasso de um mundo sustentado pela matéria e consumo.
Todos os povos habitantes deste século XXI, estão impotentes diante do sentido desta calamidade; podemos dizer que trata-se de um enigma universal, de decifra-me ou devoro-te. O micro devastando o macro. Um vírus que já deve estar entre nós mais tempo que possamos admitir, ja ceifou mais de 275 mil pessoas ao redor do mundo, na data de hoje, 10/05/2020. 
São tantas as  fantasias e pensamentos que  explicam esta pandemia, mas fica a sensação de non sense. A certeza é que vivemos a vingança da natureza devastada pela fúria por tecnologias nefastas como o exemplo de Chernobyl; derramamento de óleos; consumo exorbitante de plásticos que transformam oceanos em lixo, ou a Amazônia, que aos poucos vai sendo devastada pela voracidade dos capitalistas do agronegócio e pela complacência de uma administração federal criminosa. 
Talvez devamos gerar uma oportunidade, nestes dias de tanto sofrimento, de encontramos espaços de reflexão e pensamento. Todos nós que estamos dentro de nossas casas, com nossos filhos e pais, possamos orientarmos a desenvolver pequenas práticas, seja de ler aqueles livros que compramos e nunca lemos; ou de contação de histórias para os pequenos; de orar juntos; de meditar; de anotar os nossos sonhos; de fazer um poema ou escrever um conto; talvez fazer um bordado, sei lá, ou só pensar, são as pequenas e valiosas coisas que nunca fizemos e podemos fazer nestes momentos de internação. Este é um momento yin, como se diz no Taoísmo e devemos ser resilientes para simbolizar o sentido que o Tao no indica. Viva a vida!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

OVO sem gema














um povo sem arte
um ovo sem gema

um povo sem gema

é o buraco da desistência

é a parede branca de cal

é a cegueira de expressão e  pulsação.

quem nāo cria, não pensa, só coisa.

só coisa de sombra,

é a experiência da coisa

perdida no tempo,

um coração sem  vida

na gema do ovo.