segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tic Tac

Amo tictacs. É muito bom ouvir o relógio trabalhando, mas tem que ser relógio de corda. Isto é importante, pois lhe compete abastece-lo de energia, dando-lhe corda diariamente.
Depois, menos constatar horas e mais sentir na alma o tempo escorrendo. Vão os segundos, os tics seguidos de tacs, os minutos, as horas, os tics repetindo-se entre os tacs.

Quando a corda se enfraquece, os tictacs se ressentem também, falta-lhes o vigor sonoro de suas batidas, e, quando no limiar da parada, com o compasso alterado, parece-me que o tempo, soberano, esmaga com seu peso infinito, em sua própria inexistência, as vãs autorreferencias humanas.

Vez ou outra, isso ocorre, é uma inquietação pertubadora, saber que esse tempo, que sai do passado em direção do futuro, é uma invenção humana. O tempo orgânico.

Diariamente, tomo o relógio de xadrez nas mãos, dou-lhe corda, acerto as horas e relaxo de novo, no escoar incessante do tempo ocioso.
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