sexta-feira, 10 de julho de 2009

Em se tratando de pedras

pedras lisas,
pedras finas,
pedras pontudas,
pedras agudas,
pedras gordas e deitadas,
roucas e assustadas,
pedras fortes e viscosas,
seculares e rochosas.
Ah, quantas pedras há em Paratí.
Pedras de pedras,
de escravos, de carregadores
e de tantos opressores,
dos tais portugueses
e de tantos poucos brasileiros,
que hoje enchem as vielas,
os becos, as ruelas
de falas, de falas e tantas falas,
até o desvanecer das vozes,
pela madrugada de tosse.
É o tempo da pedra de toque.

2 comentários:

Sérgio Araújo disse...

Olá Robertson,

O poeta quando descreve, o faz, ao meu ver, melhor que o romancista posto que transcende ao espaço mínimo do poema com exuberante sensibilidade.
Aí estão suas pedras nas vivências poéticas de Paratí.

Abraços.

Savio Gomes música&poesia disse...

Caro Robertson:
Um poema fala de pedras, o outro, de telhados! Pedras e telhados, velhas fachadas, todos, guardam segredos, mistérios!
Pedras e telhados, prédios antigos, todos me fascinam. Olho-os com a curiosidade de querer advinhar todas as histórias que presenciaram! Impossível resposta, mas poder imaginar cada encontro/desencontro, cada voto de esperança no momento em que cresciam as paredes dos prédios hoje tão antigos! Olhar as pedras, para trazer de volta o encanto de cada promessa de quem as avistou antes! Imagino as pedras submersas, silenciosas, revestidas do limo do tempo e das histórias que envolvem Parati!
As pedras de Parati, ao luar, os telhados, parecem sempre instigantes fantasmas de outras histórias!